junho 07, 2020

Salvador Dalí

Persistência da memória

Salvador Dalí, nascido na Catalunha, foi um dos mais importantes pintores do movimento surrealista. Suas pinturas foram marcadas pela forma como representava tudo de uma forma inesperada e surpreendente, combinando imagens bizarras com excelente qualidade plástica, fazendo o uso de cores vivas, da luminosidade e do brilho. Excêntrico, Salvador Dalí era muito talentoso, criativo e gostava de chamar a atenção. Publicou sua autobiografia intitulada: “A vida secreta de Salvador Dalí”, em 1942 e teve como seus dois maiores projetos o Museu Salvador Dalí na Flórida e o Teatro-Museu Dalí em sua terra natal. É fato que não só suas obras, mas o próprio Dalí era surreal. Extremamente marcado por metáforas e reflexões incríveis, todo o seu trabalho é maravilhoso e capaz de tocar fundo na alma dos seus apreciadores.

Obras, devaneios e reflexões...

Rosa meditativa

O amor (representado pela rosa) é um sentimento inexplicável. Ele é o que é, apenas é, e traz consigo sensações de tranquilidade, paz e plenitude (simbolizados pela meditação da rosa e do uso de tons claros e harmônicos em toda a obra), diferente de qualquer outro sentimento. E é isso que o torna tão especial. Tão único!

Galatea das esferas

Aqui, gosto de pensar que as esferas são as nossas experiências, tudo aquilo que já vivenciamos e que nos torna quem somos. Se não tivéssemos vivido isso ou aquilo não pensaríamos da mesma forma, não seríamos nós mesmos. Cada experiência é válida. Seja ela boa ou ruim. Pois são elas que nos moldam, transformam, fazem (ou não) amadurecer. Pode-se perceber que algumas esferas ainda estão sem alguns pedaços, faltando algo, sendo aquelas situações onde os “e se” ainda estão presentes. Casos nos quais ainda não houveram um fim e, por isso, não são experiências completas, mas que continuam precisando ser revistas, reavaliadas para então se tirar uma conclusão sobre elas.

Girafa em chamas

A cada vez que nos permitimos abrir nossas gavetas para guardar mais conhecimentos (no caso, desejamos aprender sempre mais), nós ampliamos nossa visão de mundo, criamos mais bases onde nos apoiar e confiança para nos arriscar e enfrentar as dificuldades da vida. A primeira personagem que aparece na obra, por exemplo, toma quase toda a nossa visão na pintura, demonstrando a sua atual situação. Ela também não consegue ver muita coisa (sua visão é envolta por uma espécie de breu), está presa a pequenas ideias sobre como o mundo funciona. Ainda tem muito o que aprender, desconstruir e reconstruir para formar seus ideais. Já a segunda personagem consegue ver a paisagem de um ângulo mais amplo em relação a primeira, mostrando que já tem mais maturidade, compreensão sobre a vida e bases onde se apoiar, por mais que ainda tenha o que aprender também. Para entender a girafa em chamas (esta qual intitula a obra) tive que parar e pesquisar um pouquinho, confesso. Ela, aqui, é o maior estado de evolução que se pode alcançar. Por ser tão alta, a girafa apresenta qualidades de visão, ela é capaz de ver em todas as direções, acima das cadeias montanhosas. Diferentemente da figura humana ao seu lado, que revela-se tão pequena diante de sua grandeza. No entanto, ao mesmo tempo em que sua cabeça está no céu, ou seja, pode se arriscar, sonhar sem medo, seus pés continuam no chão, pois ela tem valores, raízes onde se segurar, toda uma história já formada na qual se basear. Além disso, a girafa retém um simbolismo ainda maior quando analisamos a sua chama, representando, então, a iluminação, a transcendência, que se é alcançada não apenas ao adquirir sabedoria, mas ao saber equilibrar-se com ela.

A face da guerra

Assim como a gentileza gera gentileza, a violência também gera violência e assim será com todos os outros tipos de atitudes. Apesar do maior rosto da pintura apresentar uma cara assustada, traumatizada devido as cobras ao seu redor (inveja, ganância, violência, falsidade...)*, seus olhos e boca refletem outros rostos da mesma forma, podendo concluir tanto que as marcas deixadas pelo meio foram tornando-se cada vez mais profundas (refletindo na forma como verbaliza e enxerga o mundo), quanto que as faces são realmente de outras pessoas, as quais ele mesmo (o maior rosto) está fazendo sofrer, como uma reação em cadeia. Lembrando, assim, que devemos sempre tomar cuidado com o que dizemos e fazemos, pois todas as nossas atitudes podem influenciar as de outras pessoas.

*É importante salientar que esses simbolismos a respeito das serpentes são apenas exatamente isso, simbolismos, que foram criados ao longo do tempo dentro do imaginário popular, mas não têm qualquer relação real com o animal. É preciso que comecemos a separar essas ideias e desmistifiquemos esses animais.

Criança geopolítica observando o nascimento do homem novo
Sonho Causado Pelo Voo de uma Abelha ao Redor de Uma Romã um Segundo Antes de Acordar
Moça à janela

Esse quadro me remeteu muito a essa poesia que escrevi certa vez:

Você reclama da solidão
Mas não aceita companhia
Você almeja diversas aventuras
Mas quer passar longe de feridas
Você deseja fazer coisas novas
Mas não muda a sua rotina
Você vem com mil ideias
Mas não segue nenhuma à risca
Você é um barco, no qual eu adoraria navegar
Se a todas as correntezas pudesse aguentar
Mas você enferrujou
Crendo que não havia nada de errado
Em ser um barco ancorado
À margem do mar

- Você vivia de sonhar.”

É engraçado como às vezes nos privamos de fazer aquilo que sonhamos. Como o medo ou seja lá o que nos impeça de fazermos o que queremos, pode ser incisivo de vez em quando. A moça olha à janela, vê o mar de oportunidades à sua frente, a paisagem maravilhosa do outro lado, mas não faz realmente parte dela. Mesmo tudo estando tão perto, ela faz parecer distante. Como alguém que quer chegar a algum lugar, mas não faz o caminho para consegui-lo.

Os elefantes

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