The king and the princess |
Lora Zombie, Rússia, é uma artista desde que se entende por gente, mas
só começou a pensar nisso como profissão quando conheceu a banda Gorillaz e
quis trabalhar no Zombie Flashe Eaters – o estúdio criativo por trás da banda e
inspiração para a sua assinatura. Infelizmente, dessa vontade, Lora só levou
uma porta na cara, mas isso não a fez desistir, só lhe trouxe aprendizados.
Passou a ser reconhecida quando começou a postar suas obras online em
plataformas como o Tumblr, DeviantArt e Facebook. Com o ritmo que foi criando
de postar continuamente seu trabalho, alguns poucos comentários e likes foram
se tornando centenas, que foram se tornando milhões. A partir disso, começou a
fazer parte da companhia de arte Eyes On Walls, a colaborar com marcas como
HBO, Warner Brothers, Lollapalooza, Demi Lovato... Só cresceu! Atualmente, Lora Zombie tem
um estúdio que leva seu próprio nome (Lora Zombie Studio em Toronto, Canadá) e
motivos de sobra para crescer mais e mais.
Obras, devaneios e reflexões...
Por mais que através de metáforas diferentes, Clarity e Let it rain
trazem a questão do amadurecimento em seus traços: os sentimentos dolorosos, os
momentos difíceis sendo aqueles que mais nos fazem crescer. Em Clarity, uma
mudança: a inocência (o bebê na pupila e o mar – onde iniciou-se a vida - na
íris) tornando-se consciência, clareza e, assim, evolução (a mulher na
lágrima). Apenas envolvida pela lágrima, a mulher poderia nascer, a casca da infância
iria embora, não havia outra forma de sair da inocência. Em Let it rain, de
forma muito parecida, temos a imagem de uma menina-flor, a qual precisa da
chuva (dos momentos difíceis) para crescer, ser saudável e forte. Só a ideia da
flor em si, passaria essa mensagem, mas vem o arco-íris, então, para
reiterá-la. Todo desafio pelo qual passamos vem para algo ainda melhor
surgir. Sempre há o que apreender dos dias ruins, por mais que demoremos a
perceber.
O amor começa com o cuidado, com a atenção e a proteção, que, no início
(Pure love I, onde o casal se assemelha a uma redoma envolvendo a planta),
podem até parecer medidas excessivas, mas são para garantir o que está sendo
cultivado, que, no momento, ainda é frágil. Quando feito assim, quando cuida-se
para que seja enraizado, o amor se torna forte, com várias histórias passadas
(as próprias raízes) o firmando e novas (os galhos em Pure love II)
reforçando-o. E, a partir do momento em que se torna forte como uma árvore –
capaz de viver por anos e anos -, não é mais necessária uma superproteção (em
Pure love II, o casal não envolve mais a planta, ela já cresceu mais do que
eles), mas, sempre, um olhar atencioso e o ato de estar presente (eles
continuam ali e admiram o que cultivaram), por mais que já se tenha mais
certeza de que o amor aguentará os baques da vida.
Esses são dois quadros que me remeteram muito a outros dois de Salvador Dalí: Moça à janela e Girafa em chamas. Sonhos são necessários, são nossa janela de oportunidades, são
estímulos a nossa perspectiva de futuro, porém, realizá-los é ainda mais.
Realizar sonhos é uma forma de engrandecer a alma, é perceber que você é
totalmente responsável por conquistar aquilo que quer, que é forte e capaz de
trilhar o caminho entre tê-los e fazê-los. Em The dreamer I, o garoto olha a
janela e sonha com ir para a lua, mas, diferente da Moça à Janela, ao invés de
apenas observar, em The dreamer II ele corre atrás daquilo que quer e aqui
temos uma girafa como escada para isso. Mais uma vez, esse animal representando
o equilíbrio entre sonhar e realizar (ter a cabeça nas nuvens e os pés no chão),
a transcendência que se encontra ao ter seus pensamentos e atitudes em acordo.
Em contraste com Pure Love, Love Burns traz uma relação efêmera em
destaque. Uma planta tem potencial para crescer, um palito de fósforo tem tempo
limitado. Assim é uma relação fundada apenas em superficialidades também. Não é
necessariamente irreal (é uma verdade enquanto dura), mas é uma experiência
que, no fundo, não frutifica, apenas deixa marcas que nos façam pensar questões
como carências e prioridades.
Aqui, penso em como o universo é algo muito maior (não apenas em
tamanho, mas em sentido também) do que o ser humano pode dimensionar. Coisas
extraordinárias acontecem a todo instante e sequer notamos. É preciso estar
atento...
Em um mundo de padrões, ser você mesmo é um desafio... Mas uma das
maiores realizações da vida! É ser o colorido em meio a dicotomia, é gastar
menos energia para tomar decisões, porque passa-se a respeitar mais as suas
próprias vontades e não se estressar com o famoso “o que o outro vai pensar”, é
ser diferencial. Seja você e respeite seus limites, os seus gostos, o seu
jeito. Viva a sua
vida sendo simplesmente você!
Existem relações e relações e amor não está presente em todas elas, por
mais que, às vezes, digam que sim erroneamente. Amor vem junto com respeito,
pois com ele você dá liberdade ao outro para ser quem ele é. O amor cuida,
protege, não sufoca, não controla, não passa por cima da individualidade de
cada um. Em Common wrong use of I love you, como o próprio nome diz é uma das
situações em que a palavra amor é usada erroneamente. É uma relação tóxica. Ele
diz que a ama, mas corta suas asas, sua liberdade. Ela acredita, mas sua flor
se despedaça. Ela murchará por ter sua personalidade reprimida por esse “amor”,
que nada mais é do que controle, desejo de poder sobre alguém. Em Wings of
love, no entanto, vemos um caso completamente oposto: uma relação saudável. O
coração não se fecha formando gaiola para os pássaros, ele respeita o espaço
que deve existir entre as pessoas (a individualidade) para que possa voar
(evoluir, crescer), até o cabelo dela se torna asa: tudo nesse casal frutifica
liberdade. E, mesmo assim, eles se aconchegam, se unem e se apoiam um no outro.
Trata-se da escolha de ficarem juntos e não de uma imposição.
Illusion of fear |
Unicorn hunt |
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