O Abraço de amor do Universo, a Terra (México), eu, Diego e Senhor Xolotl |
Frida Kahlo
foi uma pintora mexicana que marcou o mundo com sua autenticidade. Sua vida era
bem difícil, além de ter sofrido um acidente no qual uma barra de ferro
atravessou seu corpo, o que trouxe consequências para sua vida toda, incluindo
a impossibilidade de ter filhos - Frida sofreu três abortos espontâneos -, ela
também teve um relacionamento extremamente conturbado. Passou por tudo isso
através da arte, das suas cores fortes e dos seus traços marcantes. Frida
pintava sobre seu relacionamento, sobre seu acidente, sobre suas dores, sobre
sua cultura... Sobre sua vida. E exatamente por isso, por escancarar as
verdades, os sentimentos e, acima de tudo, a força de uma mulher, se tornou uma
figura tão importante para o movimento feminista. Sua memória está viva não
apenas em filmes e livros, mas, principalmente, na consciência de pessoas de
todo o mundo que a têm como inspiração.
Obras, devaneios e reflexões...
Ambas ("A
coluna partida" e "O veado ferido") mostram situações em que,
apesar de todas as adversidades, todas as feridas, dores e lágrimas, a força
para continuar de pé é maior. Apesar da Frida estar toda pregada e com a coluna
partida e do veado ter sido todo flechado, nenhum deles está caído no chão,
morto ou derrotado. Muito pelo contrário, estão de pé, firmes, transformando as
situações ruins em força.
Através da
arte, podemos colocar para fora tudo aquilo que temos dentro de nós, aquilo que
experienciamos, o que somos, o que mexe conosco. Ou seja, nossas perspectivas,
dores, culturas, alegrias... A arte é uma das melhores formas de expressar o
que vem de dentro e precisa ser expelido, dito, para não sufocar.
Aqui, gosto de
pensar que os vasos sanguíneos são nada mais, nada menos que nossa trajetória,
nosso percurso do início ao fim (este, demarcado pela tesoura). A obra fala
sobre o tempo, a vida e suas fases. Ao longo das nossas histórias possuímos diferentes
“eus”, com jeitos e gostos diferentes, moldados pelas experiências. Também é
interessante pensar que, mesmo com o passar do tempo, com as marcas e
diferenças que a vida traz, a essência permanece a mesma (o eu jovem e o eu
mais velho permanecem juntos, seja através das mãos dadas, seja através dos
vasos que os ligam) e é exatamente isso que sustenta tudo.
O desacordo
entre corpo e mente. Os pensamentos estão em um patamar de transformação e
libertação (representado pelas libélulas-flores e borboletas próximas à cabeça
da Frida), mas o corpo não segue junto com esse processo (o beija-flor está
preso aos espinhos do colar), o que traz angústia, sofrimento (o colar de
espinhos a faz sangrar, a fere). É a distância entre o sonho e sua realização,
é uma forma de limitação (o não ser por inteiro), é o prender-se a espinhos
(relacionamentos tóxicos, maus hábitos, negatividade, coisas que não te fazem
bem) quando poderia estar voando. Mas essa situação não necessariamente é
permanente, afinal, um colar é apenas uma bijuteria, você escolhe se vai usar,
tirar, por quanto tempo usará ou se não combina mais contigo. A decisão entre
ferir-se ou voar é de responsabilidade sua.
A água é um elemento de clareza, limpeza. O banho
retira todas as impurezas (preocupações, dúvidas, traumas, situações marcantes,
etc) e te permite que as veja de fora, por uma perspectiva mais ampla e, assim,
seja mais compreensivo consigo mesmo, entenda o que que lhe aconteceu no
passado, quem você é e o que quer para saber em que direção caminhará no
presente (as pernas e os pés da pessoa que está no banho são as partes em evidência).
Hospital Henry Ford |
Frieda e Diego Rivera |
Autorretrato com cabelo cortado |
Nenhum comentário:
Postar um comentário