Banksy é o pseudônimo de um artista de rua britânico, cujos trabalhos podem ser encontrados em várias cidades do mundo. Em seus grafites, ele faz uso da técnica do estêncil, em que se aplica o desenho através de um corte no papel por onde passa a tinta, o que lhe garante rapidez no processo. Através de suas obras, faz críticas sociais e políticas com bastante ironia e sarcasmo. Banksy não vende seus trabalhos diretamente, mas - chega a ser engraçado de tão absurdo - leiloeiros de arte vendem alguns de seus grafites nos locais em que são feitos e deixam o problema de como removê-los nas mãos dos compradores. Entre suas façanhas, também, já acrescentou obras penetras em museus, parques e hospitais, e já dirigiu o documentário "Exit Through the Gift Shop", indicado a vários prêmios.
Obras, devaneios e reflexões...
Sobre quebrar o ciclo da face da guerra. Responder ao que provoca sofrimento, o que machuca, com amor. E isso não é, de jeito nenhum, algo fácil de se fazer. Exige muita força, vontade de mudar e muito equilíbrio, para não ceder a impulsos, para ressignificar os sentimentos, deixar a dor morrer em você, transmutando-a em coisas boas. Lutar pelo que acredita com e através do amor, se for para atingir o outro, que seja com delicadeza, serenidade, paciência, gentileza, com beleza, ao invés de agressividade, raiva, ódio (substituição do coquetel molotov pelas flores, reflexão que me remeteu O menino do dedo verde). Não é sobre deixar de sentir essas emoções, é sobre como se escolhe agir a respeito delas.
Potenciais desperdiçados. Frustrações. Estruturas sociais injustas, doentias, que estimulam pessoas a seguirem seus sonhos, mesmo sabendo que, elas em si (as estruturas), não permitem a grande maioria a sequer sonhar, devido às barreiras econômicas, discrepâncias sociais que impõem. Oportunidades retiradas, rotinas esmagadoras, sistemas que oprimem nossa autenticidade através da necessidade de sobreviver. Infelizmente, a ideia de seguir sonhos ainda é para privilegiados, é um luxo, nem todo mundo tem a chance ou condição de realizar.
Quem muito se protege de sentir, quem se prende a sua zona de conforto (o guarda-chuva), se priva de crescer. Se fechar para o mundo pode não permitir que o externo te machuque, mas também não te permite ver que tudo passa, se resolve, e o mundo é muito maior do que nossos problemas, nossas tristezas, dores e medos (a chuva que é só dela, a qual se acostumou e se prendeu ao invés de superar). Não que nossas chuvas não tenham sua importância, mas não podemos limitar nossas vidas a elas. Nos diminuir a isso é o mesmo que se contentar com a mediocridade, é se negar a evoluir. Essa obra faz um contraponto interessante com Let it rain de Lora Zombie.
Quando abraçamos (permitimos, normalizamos, valorizamos) o que nos mata. O que me leva a perguntar: o que as pessoas têm achado que elas merecem? Por que as guerras, a violência, o que é tóxico, o que nos fere ainda é tão cultivado? Que valores são esses que nossa sociedade vem plantando? Quantos relacionamentos abusivos terminados em morte ainda precisam acontecer até que isso mude? E aqui não me refiro apenas aos amorosos, mas a todos os tipos de relações abusivas (abusos ligados a raça, gênero, sexualidade, etc). Ainda nos falta muito amor próprio e ao próximo... No entanto, é interessante perceber que a garota da obra não está acorrentada a bomba, não está sendo forçada a continuar abraçada a ela. Ou seja, é uma questão de escolha. Temos a possibilidade de sair dessa situação. Depende apenas de nós.
No que você se segura: no que te eleva ou no que te puxa?
Confesso que fiquei um bom tempo encarando essa obra (o que não é algo muito agradável de se fazer) antes de conseguir pôr em palavras qualquer coisa sobre ela. Eu só não conseguia acreditar: "Ele serrou a perna do cachorro sem propósito nenhum e ainda devolveu? É isso mesmo? Não é possível! Por que diabos ele devolve? Na verdade, por que ele serra, pra início de conversa? Que coisa mais... mais..." É cruel, é sádico e, infelizmente, é exatamente o que fazemos. É um retrato da relação homem-natureza. A gente extrai, maltrata, explora, tira e tira dela e, pior, o que tira, não aproveita em sua totalidade, não usa de forma responsável: afinal, sobrou o osso, não foi? É o mesmo que um plástico que poderia ser reutilizado, mas, ao invés disso, "jogamos fora" (o que, na verdade, significa devolver à terra, onde irá demorar muito mais anos do que nosso próprio tempo de vida para se decompor - e isso sou eu sendo "positiva" e considerando o descarte mais adequado). Nós desmatamos, poluímos, extinguimos, tornamos o nosso mundo deficiente, quando deveríamos estar cuidando dele, preservando-o. É um completo desrespeito à vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário